Rádio Harpa cristã

6 de abril de 2010

A Pedofilia e o acobertamento da Igreja


"Parece uma epidemia. Por toda parte onde se escarafunche, jorram casos e mais casos de abuso sexual de jovens por padres católicos. A história começou a ganhar as manchetes dos jornais nas duas últimas décadas do século 20, quando pessoas que haviam sido vítimas de religiosos no Canadá, nos EUA e na Irlanda resolveram botar a boca no trombone.

De lá para cá, foi uma avalanche: histórias escabrosas emergiram de todos os cantos do mundo, da Nova Zelândia à Polônia passando por Argentina, Alemanha, Áustria (para ficar apenas na letra A). Até Arapiraca, no Piauí, acaba de entrar para o mapa da sagrada pedofilia.

Foi por essas e outras que, na sexta-feira passada, o papa Bento 16 enviou aos fiéis irlandeses uma carta episcopal em que pede desculpas por tudo de errado que aconteceu naquele país, um bastião do catolicismo na Europa, ao lado da Polônia e da pequena Malta.

Apesar de meu anticlericalismo, não acho que a culpa aqui seja da religião propriamente dita. Afinal, nenhum texto sagrado ou documento da igreja afirma e nem traz a menor sugestão de que manter uma relação homossexual com jovem sob sua tutela seja algo diferente de um pecado muito grave.

A forma de organização da Igreja Católica, entretanto, parece favorecer a ocorrência dos abusos, que, ao menos aparentemente, não acontecem na mesma escala em colégios e seminários protestantes, islâmicos ou judeus. E a especificidade do catolicismo nessa matéria é bem conhecida: o celibato dos padres. Não sou o primeiro e nem serei o último a correlacionar o veto ao casamento para sacerdotes à maior frequência de episódios de pedofilia. O sempre arguto teólogo católico Hans Küng publicou um interessante texto a respeito, que foi reproduzido no caderno Mais! da Folha desta semana.

Temos duas camadas de problemas para analisar: os abusos propriamente ditos e os esforços da alta hierarquia da igreja para acobertá-los. Comecemos pelo fim, isto é, pelas tentativas de bispos de encobrir os crimes de seus subordinados. Durante muitas décadas, para não dizer séculos, quando tomava conhecimento de casos de abuso, a cúpula da igreja invariavelmente decidia não denunciar o suspeito às autoridades civis. Costumava apenas transferi-lo para outra função, onde, por vezes, podia até mesmo seguir colecionando vítimas.

Num certo sentido, essa atitude é até mais grave que o próprio molestamento, pois a pessoa que abusa pode pelo menos descrever-se como vítima de uma doença psiquiátrica catalogada no CID. Já o acobertamento, este ainda não foi definido como patologia por nenhuma associação médica. Aqui, ao que parece, bispos eram mais leais à instituição da igreja do que a seus próprios fiéis. Talvez seja isso que a Santa Sé espera deles, mas não é certamente o que recomenda a virtude republicana.

Passemos agora ao molestamento em si. Como já disse, estamos aqui no limiar do patológico. E a Igreja Católica funciona como um ímã para pessoas com propensões pedofílicas, pois não apenas legitima e confere elevado status social à vida de solteiro como ainda oferece incontáveis oportunidades de interagir com jovens estando numa posição de poder. Outras profissões que atraem pedófilos, hebéfilos e efebófilos são, não por acaso, as de professor, psicólogo, pediatra, orientador pedagógico, instrutor esportivo, chefe de escoteiros etc".

Fonte: Folha Online - Parte do texto do filósofo Hélio Schwartsman, colunista do Jornal.

MEU COMENTÁRIO: O artigo escrito pelo filósofo Hélio Schwartsman, que aliás se professa ateu, mas escreveu um texto bastante reflexivo. Em dado momento do texto, ele fala sobre a gravidade do ato de acobertamento dos crimes por parte da hierarquia da Igreja Católica. No máximo, o que os bispos faziam com a pessoa que cometeu pedofilia, era tranferí-lo para outra função ou local.

Segundo o autor: "ao que parece, bispos eram mais leais à instituição da igreja do que a seus próprios fiéis". Essas denúncias de abuso por cléricos foram expostas na imprensa nos últimos anos do Papa João Paulo II e continuam durante o período do Papa Bento XVI.

É algo muito série e grave. Porém, o que eu quero chamar a atenção aqui, é que acobertamento de casos graves envolvendo líderes religiosos, não são exclusivos da Igreja Católica.

No meio protestante/evangélico, também infelizmente, um dos mandamentos mais seguidos não está na Bíblia, antes é um ditado popular: "Roupa suja se lava em casa". Não são poucos os casos envolvendo pastores que usam da posição e cometem abusos sexuais de toda a sorte e depois são simplismente transferidos para outra igreja ou país. Ou então é "disciplinado", excluído, mas nunca denunciado às autoridades civis.

A justificativa sempre é a mesma: "É para não dar escândalo". Como se o ato em si, já não fosse o maior escândalo! Sim, existe casos, que no mínimo, a pessoa é um maníaco sexual. Na verdade, o que estamos vendo atualmente é um Cristianismo em Crise. Jesus disse, que nada há oculto, que um dia não há de ser revelado.

Fonte:http://juberdonizete.blogspot.com/

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