Em disputas ponto a ponto, a emissora do bispo Macedo levou a melhor durante a transmissão do Carnaval e nem mesmo a superprodução ‘As Brasileiras’, com assinatura do diretor Daniel Filho, foi capaz de monopolizar a atenção do telespectador. A maior vitória foi no capítulo do dia 23 de fevereiro – 16 pontos para ‘Rei Davi’ contra 10 do episódio ‘A Viúva do Maranhão’, na medição da Grande São Paulo, e 21 a 14, no Rio.

Os poréns e os saltos de qualidade não podem ser desprezados, mas é fundamental que, para explicar o sucesso, seja levado em conta o poder da história, pura e simplesmente. É claro que nem tudo é fé, mas a massa de católicos e evangélicos no país deve pesar um bocado na boa audiência da minissérie. Há ainda os que elogiam a ancestralidade das histórias, que repercutem em tantas outras até hoje.

Davi, é um personagem dos mais interessantes, e a escolha de Leonardo Brício para o papel, um grande acerto. Teatral na medida que a história comportava, e até pedia, ele levou a minissérie como se espera de um protagonista, em boas parceiras com Renata Dominguez (Bate-Seba, seu grande amor) e Maria Ribeiro (Mical, a esposa vilã).

A história do pastor de ovelhas que se torna rei de Israel é envolvente, emocionante e foi bem contada pela autora Vivian de Oliveira (que já está escalada para ‘José – de Escravo a Governador’, a ser lançada em 2013). Ela foi bem na árdua tarefa de adaptar uma longa trajetória do protagonista, sem didatismo e com linguagem bem dosada entre o formal e o palatável da televisão.

Segundo a jornalista Patrícia Villalba, colunista da Veja, produções de época são exigentes tanto no quesito interpretação como técnico. ”Incomoda a iluminação excessiva do interior dos palácios. Você vê meia dúzia de tochas em cena, um clarão danado e pensa ‘de onde vem tanta luz?’. Com tudo às claras, percebe-se que os entalhes no ‘mármore’ das paredes são pintados – no gesso? Visto isso, pronto. A gente desconfia da seda do figurino, da boa qualidade das perucas e quase esquece da trama”.

Mas isso não impede que a Rede Record tenha motivos para comemorar 29 capítulos depois. Sempre acusada de copiar a concorrente, a emissora abre um caminho próprio.

Fonte: Veja