Neste
livro tem o nome do próprio personagem que nos relata a sua história.
Contém uma narrativa de singular piedade sobre os sofrimentos e o
restabelecimento do patriarca Jó, que viveu na terra de Uz. Há quem
julgue que a "terra de Uz" era situada na Iduméia; outros, na
Mesopotâmia.
A suposição mais provável é que estivesse na Arábia
Deserta, entre a Iduméia, Palestina e o Eufrates. Alguns autores julgam
que Jó é o mesmo Jobabe de que fala Gênesis 36.33. Parece, todavia, que
as identidades dessas duas pessoas são totalmente distintas, e que
apenas têm por fundamento a semelhança dos nomes. Todavia essa suposição
impressionou tanto os Setenta que a fixaram num apêndice que juntaram
ao livro. A opinião mais provável é que Jó viveu pouco mais ou pouco
menos no tempo de Abraão, ou entre o tempo deste e de Moisés. Quanto ao
autor do livro, devemos reconhecer que realmente não sabemos quem foi.
Alguns atribuem sua autoria ao próprio Jó; outros a Eliú, a Moisés ou a
algum escritor desconhecido que viveu no tempo de Davi ou depois dele.
Convém notar que a antigüidade do assunto de modo algum assegura a
antiguidade do livro. A questão mais importante que podemos abordar aqui
mais facilmente, ou uma opinião mais satisfatória, é a que se refere ao
caráter histórico do livro. Podemos concluir que Jó realmente existiu,
os fatos registrados são históricos, por causa das alusões feitas a Jó
em outras partes das Escrituras. Ezequiel, por exemplo, falou dele
nestes termos:
Ainda que
estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela
sua justiça livrariam apenas a sua alma, diz o Senhor Jeová . — (Ez 14.
14) —
Como Noé e
Daniel – os quais vemos aqui associados ao nome de Jó – realmente
existiram, podemos concluir que Jó também existiu. Do mesmo modo
escreveu Tiago em sua epístola: Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu1. — (Tg 5.11) — isto é, o termo que o Senhor pôs aos seus sofrimentos. Não cremos que Tiago citasse o nome de Jó se ele fosse uma pessoa fictícia.
O objetivo do
livro não parece muito difícil de descobrir, apesar de ter dado origem a
muitas discussões. Ele foi escrito para manifestar os justos caminhos
de Deus para com o homem. É um livro tão extraordinário que tem
despertado a admiração de muitos leitores em todos os tempos. É uma obra
magnífica que faz referência à justiça e à bondade divinas para uma
época de tantas maldades e injustiças no mundo quanto a nossa. O Livro
de Jó divide-se em 42 capítulos, e contém cinco seções principais, a
saber:
• Descrição das circunstâncias e provação de Jó (1.1-2.13). Esta seção é escrita em prosa.
• As controvérsias entre Jó e seus três amigos (3-37).
• Recapitulação da questão por Eliú, o amigo mais novo de Jó, que censura todos os contendores (32).
• Tremenda e sublime resposta do Senhor a Jó, saída de um redemoinho (38-41).
• Jó recupera a saúde, os amigos e os bens; sacrifica e intercede pelos amigos que o censuravam (42).
A conclusão (42.7-17) é escrita em prosa.
Neschling, Douglas. Guia fácil para entender a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2004, p. 169-171.
0 comentários:
Postar um comentário