Devido a correria em que estou esses dias, só agora consegui assistir pelo youtube ao vídeo em que mostra a recente participação do Pr. Silas Malafaia, no programa do Ratinho no SBT. Vi a repercussão na blogosfera cristã sobre o evento. Para uns Silas representou bem os evangélicos e disse o que o grupo religioso pensa e gostaria de dizer. Para outros, Malafaia, se mostrou como uma referência caricata da igreja evangélica brasileira.
O próprio apresentador Ratinho, reconhece e disse ao próprio Silas (e ele não negou) que os dois tem estilos parecidos. Mas se o Pr. Silas Malafaia, representa bem ou caricatamente o movimento evangélico, seria bom revermos o histórico de quem é essa pessoa que está sendo considerada por alguns como “representante ou porta-voz do povo evangélico”, em questões como o Projeto de Lei, PCL 122/2006 e o aborto.
Silas é pastor assembleiano, exercendo atualmente a função de 1° Vice-Presidente da CGADB – órgão ao qual grande parte das igrejas, através de suas Convenções regionais assembleianas estão ligadas. Possui programa na televisão há muito tempo. Em sua trajetória, seu histórico mostra que já apoiou Edir Macedo, Estevão Hernandes, atacou o movimento G12, e tempos depois saiu para o abraço com um dos seus líderes, o apóstolo Terra Nova. Atualmente comprou horários na madrugada na TV Bandeirantes, além de ter horários em outros canais como a Rede TV.
Em seu programa na televisão, usa grande espaço do tempo, para vender Bíblias e e materiais evangélicos, com a justificativa de manter seu ministério televisivo. Ultimamente, andou dando umas guinadas rumo à Teologia da Prosperidade, vendendo uma Bíblia de Estudo, com notas com essa teologia e ainda levou ao seu programa um dos gurus do movimento, o norte-americano Morris Cerullo, que iniciou uma grande campanha, pedindo uma oferta de R$ 900,00. Pouco depois, é anunciado que Malafaia havia comprado um avião de doze milhões de reais.
Silas Malafaia já havia participado anteriormente de um debate na TV Bandeirantes, no programa Canal Livre, onde com seu estilo peculiar defendeu com veemência sua posição de contrário ao aborto. Além do aborto, também é um dos maiores críticos do projeto de lei, PLC 122/2006, conhecido como Lei da Homofobia. Foi esse projeto que ele debateu no programa do Ratinho com a ex-deputada, autora do mesmo.
Feito esse “histórico”, devo dizer que não sou favorável nem ao aborto nem a aprovação da PLC 122/2006, pois já existem leis que coíbem a discriminação sejam elas raciais, religiosas ou étnicas. O que a sociedade tem que cobrar é o cumprimento das leis já existentes. No entanto me preocupa essa “imagem representativa" que está sendo construída dos evangélicos.
Se ele representa os evangélicos, e eu tenho certeza que nem todos pensam como Malafaia, não seria prudente perguntar se o que ele pratica e defende está ou não de acordo com o ensino do Evangelho de Cristo?
Agora ficar com essa mania de eterna perseguição religiosa, com atitudes das mais corporativistas possíveis, e sempre querendo eleger inimigos a serem combatidos como meio de unificar um grupo religioso desunido, não acrescenta muita coisa à causa do Reino de Deus.
Pessoalmente, fico perplexo quando vejo as mais lindas palavras de ordem do clamor pela unidade da igreja evangélica serem esvaziadas de seus conteúdos e enchidas com valores totalmente contrários ao evangelho do Senhor Jesus. Unidade que biblicamente significa a vivência do amor generoso que respeita e afirma diferenças, mas que converge fraternalmente para a prática da missão que nos é comum, tendo a Palavra da Verdade como elo vinculador, foi transformada em imperativo estratégico, motivado pela necessidade de mostrar força política que impressione a sociedade, a mídia, os políticos e os que podem dar e receber em eventuais negócios com aqueles que se acham os “donos de igreja”.
Apesar de ser ver na nação brasileira, templos evangélicos em quase todos os lugares, ver muitas lideranças políticas confessando-se evangélicas, e tendo muitos veículos de comunicação evangélicos, com uma boa parte dos recursos financeiros do país em poder daqueles que se dizem evangélicos, o Brasil continua o mesmo!
Na mesma miséria, com os mesmos casos de corrupção, com a mesma prática política...Talvez, até, pior, pelo fato de não haver mais nenhuma referência evangélica à qual se possa recorrer, não se tendo esperança de alguma coisa alternativa, porque o que era alternativo, acabou virando em algo associado ao que existe de pior no mundo, que por sua vez, passou a usar o nome de Deus para justificar suas ações, como o caso recente da oração pela propina no Distrito Federal.
É isso, que queremos? E mais, que imagem a Igreja deve buscar construir? Ora, como não poderia deixar de ser, Jesus tem que ser a nossa referência, a nossa busca de reconstrução da imagem da Igreja. Primeiro, porque se somos cristãos, a referência é Cristo e não há nenhum outro. Segundo, porque se somos evangélicos, temos que viver conforme o Evangelho de Jesus.
Ora, Jesus desagradou vários grupos políticos e religiosos do seu tempo. Agradou ao Pai e o povo, vinha trazendo a Ele, os perdidos, oprimidos, doentes, para serem, salvos, curados e libertos. Então, para uns, a sua imagem estava tremendamente desgastada, enquanto que, para outros, ela crescia em respeito e admiração. O problema da Igreja acontece quando o grupo com as características daqueles que antes odiavam Jesus, começa a aplaudir a Igreja hoje; enquanto o grupo que amava a Jesus, naqueles dias começa a repudiar a Igreja hoje. Ou seja, quando a gente vê pessoas com as mesmas posturas daqueles que, naqueles dias, repudiavam e odiavam as ações de Jesus, afinados com a Igreja hoje, e até liderando-a; enquanto aqueles que nos Evangelhos eram amigos de Jesus, e andavam com Ele, agora ficam longe, não querendo nem ouvir fale dele. Quando isso acontece é porque houve uma inversão radical de valores na Igreja, e ela não tem mais quase nada a ver como o coração do seu Senhor.
Fonte: http://juberdonizete.blogspot.com/
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